terça-feira, 6 de novembro de 2012

Mesa-redonda debate os atuais desafios do uso da comunicação na educação


Pensar maneiras de tornar a escola um espaço comunicativo, de troca. Esta foi a proposta da primeira mesa-redonda do Seminário, que aconteceu hoje (06/11). Thaís Shwarzberg, representante do Ministério da Educação (MEC), Jamil Marques, professor da UFC, e Gabriel Kaplun, professor da Universidad de la Republica, do Uruguai, debateram o tema “Comunicação e políticas públicas: desafios atuais”.

Thaís Shwarzberg, da Diretoria de Currículos e Educação Integral do MEC, explicou, em sua fala, que, historicamente, a população brasileira foi marcada por uma cultura do silêncio. “Nós fomos podados de uma prática democrática e do diálogo por séculos e séculos”, disse, acrescentando que, para contribuir com a mudança de tal herança histórica, é que surgiu o Programa Mais Educação, do Governo Federal.

De acordo com a representante do Ministério, o programa Mais Educação é um indutor de políticas públicas que conta com dez macrocampos de atuação, incluindo o de comunicação e uso de mídias, no qual se insere, dentre outros, o rádio educativo. “Esse macrocampo é visto como um espaço para fomentar processos democráticos de comunicação dentro da escola, ampliando esses espaços e também a diversidade de atores que se envolvem no processo pedagógico na escola pública”, esclarece ela.

Para Thaís, o desafio do MEC é seguir capilarizando a proposta humana e afetiva de educação proposta pelo educador Paulo Freire, que defende a escola como um espaço de carinho e troca. Desta forma, a ideia é tranversalizar cada vez mais o potencial comunicativo como prática pedagógica. “A comunicação vai ser um instrumento indutor para fortalecer espaços de diálogo críticos que empoderem essas crianças (e jovens)”, observa. 

Atualmente, 32.070 escolas brasileiras participam do Mais Educação. No Ceará, são 2.787, das quais 704 estão inseridas no macrocampo comunicação e uso de mídias e 367 trabalham com rádio escolar.

O professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC, Jamil Marques, trouxe ao debate, por sua vez, questões relacionadas à educação digital. “Como solucionar os problemas relacionados a essa cultura do silêncio, a uma educação exclusivista e à inexperiência democrática sem certas ferramentas presentes na contemporaneidade, como o acesso à internet?”, questionou. Por isso, ele destacou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que faz parte de uma série de tentativas de combate à exclusão digital, mas que ainda enfrenta interesses mercadológicos muito fortes.

Gabriel Kaplun, professor da Universidad de la Republica, do Uruguai, falou da importância do processo de democratização da comunicação para a promoção de políticas públicas de comunicação e também de como a comunicação pode atuar na promoção de outras políticas públicas. Segundo ele, estamos vivendo um esforço dos países da América Latina para a construção da cidadania, no entanto, os esforços de meios educativos ainda não tiveram resultados, têm ficado longe da audiência. “Quando, ao passar os canais na TV, chegamos a um canal educativo, sabemos que é o momento de trocar de canal, porque supomos que é algo cansativo. Os materiais educativos educam muito menos que os menos educativos”, disse.

Para ele, o discurso narrativo acaba tornando-se mais eficiente que o da didática. “A didática acaba matando a educação”, acredita o professor.  “Deve-se pensar em uma educação para os meios, criar espaços para fazer uma leitura crítica dos meios. Afinal, quando trabalhamos os meios, compreendemos os meios. E quando os jovens ficam mais críticos com os meios, eles ficam mais críticos com a escola”.
Kaplun, então, finaliza o debate ainda com provocações: “para que servem os meios? Para ter mais informação? Talvez. Mas informar não é comunicar. A sigla TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) também fala de comunicação. Como diz Paulo Freire, comunicação é um diálogo”.

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