quarta-feira, 7 de novembro de 2012

O desafio de construir sonhos


O modo democrático como o rádio atua na sociedade foi refletido diretamente no público presente no II Seminário Latino-Americano de Rádio e Educação. O interesse sobre o assunto era perceptível entre as crianças e adolescentes que participaram das oficinas durante a tarde desta quarta-feira (07/11).

Através do Mais Educação, programa de política pública do Ministério da Educação (MEC), as estudantes Sarah Cristina e Kaylana Prudêncio despertaram seus interesses por rádio. “É um veículo interessante e legal, onde podemos aprender várias coisas e a trabalhar em grupo”, explica Sarah. As estudantes ressaltaram a importância do envolvimento da escola nesse processo e de sua participão em projetos como Cidadão do Futuro: “a gente só começou a gostar depois que passamos a conviver diretamente com o meio, editando e criando programas”.

O envolvimento com projetos como a rádio-escola desde cedo incentiva o pensamento crítico, algo bem destacado pelos alunos, que declararam uma forte preferência por programas noticiosos ou sobre atualidades gerais. “A rádio é composta por muitas pessoas por trás da produção, mas quando eu crescer vou ser locutora”, finalizam as estudantes.

Intercâmbio de materiais com o grupo ComunicArte


Ao longo do Seminário, a ONG ComunicArte está realizando uma apresentação de materiais produzidos com base nos projetos de rádio desenvolvidos pela instituição. Estão expostos livros, cartilhas e DVD’s que trazem o relato das experiências desenvolvidas nas ações sociais, protagonizadas pelos integrantes da ONG e pela população participante da produção dos programas radiofônicos.

O Grupo ComunicArte desenvolve diversas iniciativas, colocando o rádio como instrumento de mobilização e conscientização. Dentre elas, pode-se citar o projeto “Voces y Sonidos”, que trabalha com a população em situação de vulnerabilidade social na região dos Montes de María, na Colômbia. A partir do conteúdo dos programas, realizados com e pela comunidade, foram produzidos DVD’s com os resultados da ação que podem ser adquiridos na mesa de exposição.

Alma Montoya, diretora do ComunicArte, ressalta a importância de espaços como este dentro do evento. Segundo ela, essa iniciativa de mostrar o que vem sendo produzido em termos de rádio educativo, é uma oportunidade de socialização, pois permite a troca de idéias e a construção de novos caminhos para o rádio como instrumento de transformação.

Educação integral em debate


A inserção das radios-escola na educação integral foi o tema da discussão realizada na segunda mesa redonda do Seminário, na manhã desta quarta (07/11). Os convidados para a mesa, Marilac Souza, Carlos Brandão e Judith Gerbaldo, discutiram as propostas e projetos para a utilização do rádio como instrumento de educação dentro e fora da sala de aula. A mediação do espaço ficou por conta de Luana Amorim, jornalista da ONG brasileira Catavento Comunicação e Educação.

Judith Gerbaldo, mestre em Comunicação e Cultura pela Universidad Nacional de Córdoba, apresentou o projeto “Todas Las Voces, Todos” que, articulado junto ao governo argentino, constituiu-se na primeira politica pública desenvolvida pelo país dentro dos marcos da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, promulgada em outubro de 2009. O trabalho é articulado com pesquisas, visitas e acompanhamento aos diversos territórios, como Chaco, Tucumanm e San Martin.

O principal objetivo do programa é a capacitação de crianças e jovens para desenvolver produções radiofônicas.  Segundo Judith, as rádios-escola contribuem para fortalecer as comunidades a partir da comunicação popular, do empoderamento, da participação e do protagonismo infantil. “Nós temos que ter uma voz pública e ter acesso ao cenário público, onde nossa voz possa ter presença e incidência”, explica.

A participação da professora e coordenadora pedagógica da ONG Catavento Comunicação e Educação, Marilac Souza, suscitou reflexões sobre os espaços limitados das salas de aula e a inserção das rádios na educação integral. De acordo com a professora, as salas de aula limitam o desenvolvimento dos alunos para outras atividades. “O radio é um instrumento que a gente não consegue engaiolar. Sempre que uma experiência é engaiolada, ela morre” destaca ela, sobre a importância de as rádios-escola serem aliadas do processo de educação integral. 

Carlos Rodrigues Brandão, professor colaborador do Programa de Pós-Graduação da Universidade de Campinas (Unicamp), finalizou a ponderações da mesa.  A discussão gerada a partir de suas colocações baseou-se no Movimento de Educação de Base (MEB) e Cultura popular. Para o professor, a educação integral não deve ser uma extensão das aulas nem um prolongamento da “hora do recreio”. 

[WebTV] Ismar Capistrano fala sobre as potencialidades da web para educação e comunicação

A segunda palestra do Seminário teve como tema Radioweb e Educação. Ministrada por Ismar Capistrano, doutourando da Universidade Federal de Minas Gerais, abordaram-se inúmeras questões sobre as potencialidades que o advento da internet oferece para as práticas de rádio educativo, sejam elas dentro da escola, na comunidade ou na rádio livre.

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Rádioweb e Educação são tema da segunda palestra



Rádios comunitárias e educativas, as potencialidades de sua convergência para web. Esta foi uma das abordagens da segunda palestra do Seminário, que aconteceu na manhã de hoje (07/11), dentro do tema “Rádioweb e Educação”, apresentado por Ismar Capistrano, doutorando em Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A mediação do espaço ficou por conta da mestranda em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Amanda Sampaio.

Amanda destaca que é muito importante pensar o tema da palestra associado às causas da juventude, pois, quando há a oportunidade de acesso à internet, os jovens podem se empoderar das práticas comunicativas. “A web pode potencializar muito isso da educação, principalmente da educação descentralizada”, opina.

Para Ismar, a convergência digital tem possibilitado a valorização dos espaços comunicativos, que estão, cada vez mais, habitados pelos movimentos sociais e grupos educacionais. Desta forma, as novas tecnologias acabam promovendo a horizontalização da produção de conteúdos. “A partir da discussão coletiva, a partir das produções colaborativas, nós vamos nos apropriar e utilizar a tecnologia para que possamos promover a cidadania, a mobilização dos movimentos sociais, para que possamos promover esse encontro entre escola e comunicação”,  explica.

Ele ainda acrescenta que as experiências de radioweb fortalecem o poder de pressão dos setores sociais que muitas vezes não são atendidos pela políticas públicas. Além disso, a apropriação inventiva desses meios por jovens garantem a complementação da educação formal e o fortalecimento dos movimentos que levam à emancipação e à libertação sociais. “A principal vocação da rádio educativa é a possibilidade de você concientizar as pessoas, é a possibilidade de levar conhecimento sobre o exercício da cidadania, levar conhecimentos que possam ajudar na melhoria da qualidade de vida”, aponta Ismar.

Uma experiência uruguaiana

O relato de experiência desta manhã mostrou que essas possibilidades são reais. A El Chasque FM, projeto desenvolvido em Cerro Pelado, no Uruguai, é uma rádio comunitária que aborda os problemas específicos da comunidade através de um contato direto com seus ouvintes.

A Rádio também colabora com as entidades públicas e dá apoio e visibilidade as atividades que elas produzem, principalmente as escolas rurais. Ítalo Casto Leal, um dos participantes mais ativos do projeto, conta que os estudantes chegam sem experiência e vão promovendo o aprendizado por meio do trabalho coletivo. Ele observa que a partir dessas atividades, as crianças acabam adquirindo um sentimento de pertencimento e se identificando com o país onde vivem.

[WebTV] Diálogos e experiências com radionovela na Bolívia

Dentre as experiências apresentadas no I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo, estava a do programa Vozes Nuestras, representado por José Luis Aguirre Alvis e Johnny Anaya. O programa, trabalhando com uma metodologia educomunicativa, produziu uma radionovela sobre direito à comunicação, pluralismo e diversidade, cidadania e democracia. A radionovels congregou, nacionalmente, em sua primeira edição, 36 rádios na primeira versão e 25 na segunda, cada uma trabalhando com seus atores locais e desenvolvendo um conjunto de atividades de mobilização social.

Conheça um pouco melhor a experiência na entrevista que segue!


Entrevistados
José Luis Aguirre Alvis - Universid Católica Boliviana "San Plablo"
Johnny Anaya - PCI media impact





Leia também 
Radionovela boliviana discute o direito humano à comunicação, pluralismo e diversidade

Veja o que vai rolar na segunda tarde do I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo


Agora a tarde, o I Festival Latino-Americano de Formação em Rádio Educativo realiza uma roda de conversa sobre formação em rádio educativo. Os convidados da vez são Luisa Daniela Marelli, professora da rede pública argentina que desenvolve trabalhos com jovens na emissora comunitária Sur de Villa El Libertador, Daniela Vuirli, da emissora comunitária Nexo de Villa Allende, aonde trabalha com crianças de escolas públicas, Esperanza Arangure, professora da rede pública colombiana com 15 anos de experiência em rádio escolar e lidér e animadora da Rede de rádios escolares de uma localidade de Bogotá, Elodia, professora da rede pública do Brasil, Daniele Tomé e João Paulo Cavalcante, monitores de rádios escolares que fazem parte do curso de formação do Projeto Ondas Cidadãs, o mesmo que organiza este Seminário.

Sons que povoam a América: começa I Festival Latino-Americano de Rádios Educativo




Promovendo o intercâmbio entre as diversas práticas educomunicativas que povoam de sons a América Latina, professores, estudantes e pesquisadores se encontraram na tarde desta terça-feira (06/11) para dar início ao I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo. A abertura do evento foi marcada por uma roda de conversa sobre formas alternativas de produção radiofônica e intervenções sonoras.

O Festival recebeu, no primeiro momento, Márcio Beloc, que é membro da Asociación Cultural Radio Nikosia, colaborador do Coletivo de Rádio Potência Mental e pesquisador em saúde, arte e experiência urbana.

Márcio falou da experiência do Potência Mental, grupo formado por usuários da rede de saúde mental, estudantes e profissionais de psicologia, saúde e comunicação social de Porto Alegre (RS). Ele explica que o coletivo nasceu das experiências inspiradoras de duas outras rádios de caráter comunitário que também trabalham a saúde mental como tema, como a rádio La Colifata, de Buenos Aires, e a rádio Nikosia de Barcelona, experiências nas quais estão envolvidas tanto pessoas diagnosticadas quanto pessoas não diagnosticadas em saúde mental. “Muitas vezes, está colocado que tudo que essas pessoas produzem é loucura, mas essas experiências estão aí para dizer que a produção dessas pessoas é legítima e igual a qualquer outra”, afirma.

As participações seguintes foram de Gissela Maritza, da ONG Coordenação de Rádios Populares e Educativos do Equador (Corape), dos diretores do programa de rádio educativo “Voces Nuestras”, José Luis e Johnny Anaya, além de Miguel Ángel e Roberto Jordán, representantes da rádio “Adiwa Ketsuli Yaada” da comunidade indígena La Reforma, município de Atures, na Amazônia da Venezuela.

Cada participante contribuiu com relatos de suas vivências que, por meio do rádio educativo, atuam na produção de cidadania de acordo as especificidades sócio-políticas de cada região.

[RadioWeb] Entrevista com Àngela Sastre

A Cobertura Colaborativa entrevistou, na Rádio Ao Vivo, Àngela Sastre, da Colômbia. Ela faz uma leitura das experiências e os desafios da comunicação popular em seu país. Àngela fala ainda como a educação na Colômbia utiliza a comunicação para fortalecer esse processo. Àngela Sastre é integrante do grupo ComunicArte que atua nacionalmente na Colômbia. Confira!

Pesquisadores se reúnem para discutir criação de projeto sobre rádio educativo



Pesquisadores latino-americanos do rádio educativo se reuniram, na tarde desta terça (06/11), para discutir a criação de um projeto de pesquisa que possibilite o diálogo entre os estudos desenvolvidos sobre o tema.

O objetivo é criar um movimento interinstitucional de investigação, que articule os interesses das universidades a que estão vinculados os pesquisadores e, com isso, aproxime as experiências e conhecimentos produzidos. Para a efetiva implementação do projeto, foi ressaltada a necessidade de aprofundar os conceitos sobre rádio educativo e estabelecer uma definição mais precisa de como ele se configura. Avançar, portanto, a investigação acerca dos aspectos que fazem o rádio educativo para tornar melhor delimitado o objeto de pesquisa.

Os pesquisadores concordaram que é preciso estabelecer temáticas relacionadas ao rádio e à educação que o projeto tenha alinhamento com os estudos já realizados, permitindo a mútua contribuição entre as pesquisas e o desenvolvimento de novas linhas de investigação.